Lady d'Arques

O Valor do Sonho

Paixão 134
O Valor do Sonho

— Você não vai retornar ao hotel em Milão, pois vai ficar

morando aqui de agora em diante.

Lizzy levou os dedos aos lábios para impedir que eles
tremessem.

— Como prisioneira.

— Não — ele disse. — Aqui posso protegê-la do efeito
que sofreremos depois que eu fizer o anúncio hoje, mais tarde,
quando o hotel em Milão ficará em polvorosa. Também
suspeito que os Bruni não gostarão dessa mudança no rumo dos acontecimentos. Você vai sentir pena deles. Eu, por outro lado, não.

— Que bobagem! — ela disse, rindo. — Por que você acha
que eles delegaram a mim a tarefa de vir aqui?

Momentaneamente, os olhos dourados dele demonstraram
surpresa.

— Porque eles estão com medo. Ótimo. Isso é bom para
nós.

— Você pode parar de falar como se isso tivesse alguma
coisa a ver comigo, quando, na verdade, não tem? — Lizzy soluçou.

— Sou apenas o peão que você está usando para salvar
sua arrogância ferida!

— Os peões são peças muito importantes no tabuleiro de
xadrez.

— Oh, cale-se — ela disse. — Você não percebe como é
irritante o fato de você sempre ter uma resposta para tudo?

— Acho que não. — Ele esboçou um sorriso irônico. —
Vou tentar me livrar desse hábito.

Respirando profundamente, Lizzy voltou a perguntar:

— Posso ir agora?

Ele pegou o telefone que estava sobre a mesa, apertou algumas teclas e começou a passar instruções em italiano a quem estava do outro lado da linha. Enquanto isso, Lizzy escutava e rezava para não achar os tons de sua voz tão atraentes quando ele falava sua língua materna.

— Você entendeu alguma coisa do que eu disse? — ele perguntou um momento depois.

— Um pouco — ela respondeu. O fato de ser amiga de Bianca fizera com que ela aprendesse a falar italiano muito bem com o passar dos anos. — Você estava providenciando um quarto para mim.

— Vai ficar pronto em alguns minutos. — Dando a volta
na mesa, ele começou a caminhar na direção de Lizzy. Ela ficou tensa, instintivamente apoiando o peso do corpo nos calcanhares, como faz um corredor quando espera o som do tiro de partida.

— O... o que foi? — ela gaguejou quando ele ficou parado diante dela.

Ele não disse nada. Apenas olhou para ela com um olhar fixo e desconcertante, e levou a mão a seu rosto com um toque loucamente provocante e delicado.

Lizzy se assustou; uma parte dela queria se afastar, mas a
outra se recusava a fazer isso, o que deixaria claro coisas que
ela não queria que ele soubesse.

E ele era belo, não havia como negar, por mais que ela quisesse.
Apesar de toda a frieza e arrogância, de sua cruel determinação de fazer tudo a seu modo... Da raiva contida que Lizzy instintivamente sabia que estava escondida atrás de todo aquele controle, Luc De Santis era dono de uma beleza física perigosamente atraente. Ele semicerrou os olhos ao aproximar os dedos do canto da boca de Lizzy.

— Vou propor um acordo — ele disse com um tom sussurrado,
prestes a dizer algo muito pessoal. — Você pode me
pagar o dinheiro que me deve com beijos. Digamos... um euro
por beijo. Começando agora...